sábado, 22 de novembro de 2008

Rússia e EUA disputam zona de influência


Por: Renata Mafra / Gustavo Lago


As relações entre os povos georgianos e ossetas chega a mais um capítulo, mas não vira a página.

O desentendimento entre a Ossétia do Sul e Geórgia remonta 1920, quando ocorreu o primeiro conflito entre os povos e perdura até os dias atuais. Pela terceira vez na história há conflito com derramamento de sangue na região e pela segunda vez desde 1992 tropas para manutenção da paz - agora sob comando das Nações Unidas - são enviadas para evitar tensões ainda maiores.
O Comitê depois de muito debate chegou à conclusão de que a Federação Russa deve iniciar imediatamente a retirada de suas tropas do território georgiano com o prazo máximo de dois meses, prazo que seria de seis meses se dependessem das opiniões de Rússia, China e Bélgica, em oposição à Itália que declarou ser o prazo muito longo.
A situação estava se tornando complicada com relação a quais deveriam ser os países a compor as tropas. Em um momento da discussão, a delegação russa se colocou contra a participação de militares do Reino Unido na composição das tropas humanitárias com o argumento de que este país já mantém tropas no Afeganistão e no Iraque. O Reino Unido por outro lado pediu a retirada das tropas russas, por ser inadmissível um Estado agressor manter suas forças armadas no Estado soberano agredido. Por fim, apesar de não ter conseguido a liderança das tropas da ONU – que ficou aos cuidados do Reino da Bélgica – o contingente da FPI terá em sua composição soldados da Federação Russa devido a sua grande influência na região.
A diplomacia prevaleceu e a resolução foi aprovada de forma unânime.
A permanência das tropas da Federação Russa foi vista como necessária e a substituição de uma por outra será feita de forma progressiva com o intuito de preservar a estabilidade na região.
Tal ponto gerou questionamentos sobre uma possível hostilidade às tropas de paz. O Reino Unido acredita, bem como os demais países, que ao colocarem suas boinas azuis os soldados russos não representariam mais os interesses de Moscou.
No meio do conflito entre Geórgia e Ossétia do Sul, que disputam por um lado o direito de defesa do território e por outro o direito de autodeterminação, aparecem outros dois atores, Estados Unidos e Rússia. Ao contrário do planejado, Moscou assistiu nos últimos anos, uma aproximação cada vez maior entre Geórgia e EUA exatamente no momento em que o primeiro se tornava fundamental no trânsito de hidrocarbonetos do mar Cáspio para o ocidente.
O Kremlim, que se opôs à interferência estadunidense na região durante o período de enfraquecimento da Federação, aproveitou a situação para mostrar que a Rússia está volta e quer fazer pesar a seu favor a balança de poder.

Nenhum comentário: