Relevantes discussões se fizeram presentes hoje acerca da criação de um Estado Curdo no Comitê de Políticas Especiais e Descolonização (SPECPOL). Porém, pelo debate ter se pautado em termos técnicos, havendo divergências sobre a definição do que vem a ser terrorismo, pouco resultado gerou.
O Estado de Israel se opõe veementemente à criação de um novo Estado para os curdos: “Não iremos reconhecer nem legitimar a criação de um possível Estado Terrorista!” disse hoje à tarde o delegado israelense. Em seu discurso, ainda declarou que: “Terrorismo é aquilo que infringe a manutenção da ordem e da paz”.
Segundo o delegado estadunidense, que apóia a criação do Estado curdo, o terrorista é “uma pessoa insatisfeita”. Uma definição tanto quanto ampla, que abre precedentes para todo tipo de interpretação instrumentalizada.
A relação histórica entre os dois países está ameaçada e a reação israelense é de incompreensão, visto que os EUA dependem de Israel para a manutenção das zonas de influência no Oriente Médio.
As dificuldades encontradas pelos delegados talvez reflitam um aspecto mais profundo e polêmico, a dificuldade dos países definirem no âmbito das Nações Unidas, o termo “terrorista”. Historicamente o combate ao terror remete à administração Reagan (1981) que colocou como centro de sua política externa o “combate ao terror”. Cabe citarmos aqui a visível contradição que consiste no fato dos EUA começarem a guerra contra o terror tendo como base o apoio à regimes ditatoriais que implementaram o mesmo terror contra sua própria população, como ocorreu em diversos países da América Latina e Central, com um saldo de mortos de mais de um milhão de pessoas.
Em entrevista exclusiva ao Le Monde Diplomatique em outubro de 2008, Noam Chomsky, afirma: “Há um problema com essas definições: quando elas são aplicadas, percebemos que os Estados Unidos são um dos principais Estados Terroristas. E nos últimos 25 anos houve um esforço para inventar uma definição que se restringisse ao terror que “eles” praticam contra “nós”. Portanto alega-se que há um problema para defini-lo”.
Se as discussões ocorridas hoje sinalizam de fato uma modificação da política externa americana, devido talvez a recente eleição de Barack Obama, ou um mero desentendimento, é o que iremos observar nos próximos três dias.
Um comentário:
Tá aí uma notícia que eu não esperaria ler nos jornais tão cedo... será que essa postura hostil entre ambos continuará?!? Aguardo ansiosamente o desfecho.
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